O Open Insurance surge em um contexto em que o mercado financeiro do Brasil está aberto para novas tecnologias aparecerem e se consolidarem. Assim, surge o sistema financeiro aberto. Esse conceito trata da oferta de soluções personalizadas para os usuários. Assim, o setor de seguros também será incluído nesse sistema, o que vai contribuir com o melhor funcionamento dos processos.
Mas o que de fato é um sistema financeiro aberto? Com o consentimento do cliente, todas as suas transações e históricos bancários serão compartilhados entre as instituições financeiras que fazem parte do sistema. Dentro desse contexto, surge o Open Insurance.
O que é Open Insurance
O Open Insurance, ou Sistema de Seguros Aberto, é um sistema que integra várias instituições de seguro em um espaço criado para oferecer serviços e dados para os seus clientes. Por meio dele, essas empresas poderão oferecer serviços e produtos para esses clientes. Assim, eles terão acesso a esses serviços da maneira mais simplificada possível.
Já que tudo está conectado à Internet hoje em dia, nada melhor que usá-la a nosso favor. Por isso, pensar em um sistema que organiza em um único espaço todos os serviços e produtos é facilitar a escolha do cliente. O conceito de Open Insurance se divide em três pontos:
- Inovação aberta: a padronização do espaço permite muitas facilidades para que as seguradoras criem novos produtos que serão vendidos para os clientes.
- Digitalização: a Inteligência Artificial está presente em nossa vida em diversos aspectos. No sistema Open Insurance, ela também estará presente, transformando a experiência das seguradoras, corretoras de seguros e também do consumidor de seguros. Assim, todos os processos se tornam mais rápidos e atendem melhor às necessidades dos clientes.
- Novas modalidades de negócios: o sistema permite que novos modelos de negócio surjam para trazer benefícios para o mercado de seguros. Dessa forma, o Open Insurance é uma tecnologia que vai promover o trabalho em equipe no mercado de seguros, melhorando a oferta de seus serviços para os seus clientes.
O que é Open Insurance
O Open Insurance será regulado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), que publicou junto ao Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) a Resolução nº 415 e a Circular nº 635, que estabelecem as normas para o funcionamento do Sistema de Seguros Aberto no Brasil.
A Susep estipulou o prazo – 4 de março de 2022 – para que as seguradoras façam os testes necessários para a implementação do sistema e configure as Application Programming Interfaces (APIs), que são protocolos que foram criados de maneira padronizada para permitir o compartilhamento de dados.
Na regulação, há também as exigências para que o compartilhamento de dados aconteça e as responsabilidades de quem fará parte do sistema. A Resolução nº 415 exige que as sociedades participantes apresentem uma postura ética e de responsabilidade, cumprindo a legislação durante o atendimento ao cliente.
Assim, o Artigo 4º da Resolução define que alguns critérios precisam ser seguidos, como:
transparência; segurança e privacidade de dados e de informações compartilhadas no âmbito do Open Insurance; livre iniciativa e concorrência; qualidade de dados; tratamento não discriminatório; reciprocidade; interoperabilidade e integração com o Open Banking.
As sociedades supervisionadas enquadradas nos segmentos 1 e 2 participarão de forma obrigatória do Open Insurance. Já as demais sociedades supervisionadas só participarão se quiserem.
Com relação às definições dos grupos participantes do sistema, como sociedades seguradoras, entidades abertas de previdência complementar e sociedades de capitalização, a resolução define da seguinte forma, em seu Artigo 2º:
I – Open Insurance: compartilhamento padronizado de dados e serviços por meio de abertura e integração de sistemas no âmbito dos mercados de seguros, previdência complementar aberta e capitalização;
II – Cliente: pessoa natural ou jurídica interessada em adquirir produtos de seguro, de capitalização ou de previdência complementar aberta, bem como o proponente, o segurado, o garantido, o tomador, o beneficiário, o assistido, o titular ou subscritor de título de capitalização ou o participante de plano de previdência.
Além disso, a legislação dispõe ainda sobre a sociedade supervisionada, a transmissora de dados e a sociedade receptora de dados. Cada uma delas apresenta suas particularidades, que devem ser consultadas em lei.
Portanto, essas categorias fazem parte do grupo que se beneficiará do Open Insurance, que tem como objetivos: fazer o cliente ser o principal beneficiário do serviço; tornar todo o processo de compartilhamento de dados seguro e em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados; estimular a inovação; promover a cidadania financeira, entre outros.
Ligação com Open Banking e Open Finance
O conceito de Open Insurance está ligado ao de Open Banking, que integra diversas instituições financeiras em um compartilhamento de dados autorizado pelo Banco Central. Open Finance é um conceito que, em português, significa “finanças abertas”. Todos estão relacionados ao sistema proposto, e o Open Insurance faz parte deste projeto maior que integra serviços em uma única plataforma.
Por que a discussão acontece neste momento?
Para entender o motivo dessa discussão estar acontecendo nesse momento, precisamos falar sobre o processo de digitalização que vem acontecendo há muito tempo, mas que avançou de maneira mais rápida nos últimos anos, para saber mais sobre, leia Funil de Marketing Digital para Seguros. A pandemia da Covid-19 estimulou diversos processos na sociedade, pois modificou todas as estruturas educacionais, econômicas, industriais, entre outros setores.
Durante a pandemia, foi possível observar um grande processo de digitalização das empresas. As entregas que já funcionavam de forma online para a maioria das empresas, por exemplo, tiveram que passar a ser 100% online. Por causa da doença, as proibições de frequentar ambientes comerciais obrigaram as empresas a fazerem tudo de maneira digital.
Dentro desse contexto de digitalização, é claro que há uma grande circulação de dados nesse espaço online. Assim, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) veio para regulamentar e proteger os dados, tanto de pessoas jurídicas quanto de pessoas físicas, nos meios digitais.
Assim, a lei exige que haja o “respeito à privacidade de dados; autodeterminação informativa; a liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião; a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; o desenvolvimento econômico, tecnológico e da inovação; a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor; os direitos humanos; o livre desenvolvimento da personalidade; a dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas naturais.”
Portanto, a LGPD tem como objetivo proteger os dados de todos os atores que fazem parte do mundo digital, evitando exposição indesejada não só de imagem, mas também de dados pessoais que o indivíduo prefira que sejam mantidos em sigilo.
O sistema Open Insurance representa um grande avanço tecnológico, e se apresenta como a modernização do mundo das seguradoras. Ele permite que cada cliente decida para qual instituição dará permissão para acessar seus dados. Cada empresa de seguro também poderá ter uma visão mais ampla em relação aos produtos oferecidos.
As ofertas serão pensadas de maneira mais estratégica e direcionada, e com preços competitivos. Além disso, novos produtos podem ser lançados na plataforma a partir da experiência direta com o consumidor.
O modelo Open Insurance é voltado para o cliente. Por isso, toda a inovação tecnológica que ele oferece deve beneficiar, em primeiro lugar, o consumidor. Ele é o verdadeiro centro das atenções nessa nova fase tecnológica. Por isso, as instituições seguradoras devem se adequar ao que os clientes esperam da sua empresa, e não o contrário. Para que essa norma seja cumprida, essas instituições devem obrigatoriamente seguir todas as obrigações previstas na LGPD.
Vantagens do projeto
O projeto oferece diversas vantagens para quem participa desse sistema. Entre elas:
Personalização: o compartilhamento de dados que se dará a partir da autorização do cliente permitirá que sua experiência com a seguradora seja mais personalizada. Mas como isso acontece na prática? Geralmente, vemos conteúdos voltados para o público-alvo da seguradora de maneira mais ampla. Porém, com o Open Insurance, as ofertas, os produtos e serviços precisarão atender às características específicas de cada cliente. Isso porque os seus dados estão sendo oferecidos para que a seguradora tome conhecimento do seu perfil.
Maior rapidez nos processos e precisão: a integração entre Open Banking e Open Insurance torna tudo mais simples e preciso para o cliente. Dessa maneira, os serviços oferecidos apresentam mais qualidade e o atendimento às normas e leis reguladoras torna-se de fácil cumprimento.
Mais liberdade: o Open Insurance oferece maior liberdade para o cliente escolher o serviço prestado pela empresa que oferece as melhores ofertas. Assim, se ele vai contratar assistência em saúde e seguro viagem para a sua estadia em outra cidade ou país, ele pode acessar o sistema para comparar os preços e vantagens oferecidos por cada uma delas.
Cidadania financeira: o sistema permite que os serviços e produtos oferecidos por essas seguradoras sejam mais acessíveis e, assim, atinjam um público maior. Isso promove a chamada “cidadania financeira”, que permite que o consumidor tenha um controle maior sobre as suas próprias finanças.
Dados protegidos: a segurança dos dados do cliente pode ser um fator de desconfiança para muitos deles. Afinal, estamos falando de um mundo digital em que muitas informações são compartilhadas de maneira instantânea. Porém, a LGPD regulamenta o uso e protege esses dados, permitindo que, ao cumprir todas as normas, essas informações pessoais fiquem protegidas.
Etapas do projeto
O Open Insurance é dividido em três fases:
- Open Data: a primeira fase é aquela em que os canais de atendimento são apresentados. Nessa etapa, são informados também os produtos e serviços disponibilizados para o cliente.
- Compartilhamento de dados pessoais: nessa fase, é realizado o cadastro dos clientes e dos participantes. Também é feita a movimentação de clientes, além do registro dos dispositivos eletrônicos que eles pretendem utilizar na plataforma.
- Efetivação de serviços: já na terceira e última fase, é feita a efetivação dos serviços, como acessos, modificações, resgate e portabilidade. Esses dados só serão compartilhados se o cliente final autorizar.
Principais dúvidas sobre Open Insurance
Os dados dos clientes serão disponibilizados para a seguradora
Sim, mas isso só acontece a partir da autorização do cliente. É importante lembrar que, para o Open Insurance funcionar de acordo com a sua proposta, o compartilhamento precisará acontecer. Mas, claro, sempre de acordo com as permissões do cliente.
E se o cliente não quiser participar do Open Insurance?
Não há de fato uma obrigatoriedade, mas o cliente não poderá se beneficiar do barateamento dos preços dos seguros, por exemplo, e das demais ofertas.
Existe algum risco de participar do Open Insurance?
Não! Todas as transações e informações são reguladas pela LGPD e pelas resoluções previstas. Além disso, os testes são realizados antes do início do sistema.
Onde obter mais informações?
Você pode encontrar mais informações no site da Susep e também ler a LGPD, a Circular nº 635 e ainda a Resolução nº 415.
Documentos regulatórios
A Circular Susep nº 635/2021 foi estabelecida pelo CNSP com o objetivo de regulamentar a implantação do Open Insurance. A Resolução CNSP nº 415/2021 estipula as definições e responsabilidades das sociedades seguradoras, entidades abertas de previdência complementar e sociedades de capitalização. Ambas existem para garantir o cumprimento das obrigações e o bom funcionamento do Open Insurance.
O Open Insurance é um avanço que surge como consequência da modernização e como influência da digitalização visando acelerar os processos e melhorar a relação entre as seguradoras e os seus clientes.
Mas, acima de tudo, tem como objetivo beneficiar o consumidor a partir de uma comunicação mais direta e personalizada com a empresa que ele contratou. A ideia dessa proposta é justamente integrar esses processos e permitir maior facilidade e economia para o consumidor.
Para saber mais sobre esse e outros assuntos e se manter sempre atualizado com as últimas novidades do setor e áreas relacionadas, veja outros posts do blog.